Penya Barcelonista de Lisboa

dimarts, de juny 15, 2010

MUNDIAL 2010


Passar além da dor!

Por Vítor Serpa, enviado-especial à África do Sul

Para qualquer profissional de futebol, estar num Campeonato do Mundo é um privilégio, mas também uma enorme responsabilidade. Porque muito pesará, neles, o sonho de um país inteiro. Mais ainda quando se trata de um país sofredor e que acaba por ter no futebol a principal, mas obviamente insuficiente, razão de auto-estima e da capacidade colectiva de sucesso.

Eram outros, os tempos em que o orgulho da Pátria vinha das conquistas que fizeram História no mundo. Quando as frágeis caravelas enfrentavam os fortes mares e os nossos navegadores, quase todos eles sem nome na História, se obrigavam a passar além da dor, como escreveu Pessoa no seu imortal Mar Português.

É, afinal, em memória desses homens, cuja glória foi bem menor do que a coragem e a alma, que baptizámos de navegadores, aqueles, que cinco séculos depois, se defrontam com o desafio da História, nos mesmos lugares distantes em que os portugueses ganharam notoriedade e fama.

Não, não pretendemos, obviamente, comparar a dimensão dos feitos, nem a coragem física desses Heróis dos mares que, merecidamente, viriam a dar merecido nome ao Hino Nacional. Mas o futebol permite, mais pela emoção do que pela razão, comparações aparentemente incomparáveis. Porque de feitos nacionais se tratam, quando o sucesso desportivo da Selecção Nacional se espelha em grandes vitórias internacionais.

Ninguém tenha dúvidas. O futebol é, hoje em dia, muito mais do que um jogo. A África do Sul é disso, hoje, mesmo, o melhor e mais significativo dos exemplos. E por isso nele tanto se envolveu um líder histórico com a dimensão de Nelson Mandela. Porque ele entendeu a grandeza deste fenómeno que movimenta o mundo e entusiasma povos de todos os continentes.

Consideremos e observemos, pois, as inequívocas diferenças, mas Portugal está, hoje, envolvido neste enorme desafio global, que é o Campeonato do Mundo, e calhou-lhe, por destino ou bom prenúncio, ser a única selecção a jogar os seus três jogos da fase de qualificação, precisamente, em cidades junto ao mar, onde os portugueses passaram pela primeira vez e deixaram o exemplo da sua coragem e daquela grandeza de alma, que, como também escreveu Pessoa, tudo fez valer a pena.

É justo, pois, que os portugueses peçam à sua Selecção Nacional, a grandeza de alma e a nobreza de carácter e de espírito que retrate, cinco séculos depois, aqueles que por estas mesmas longínquas paragens souberam escrever algumas das mais gloriosas páginas da História do mundo.

Portugal começa, hoje, a sua participação no Campeonato do Mundo de futebol e a expectativa que a sua história recente gerou no mundo inteiro obriga e exige um total comprometimento com essa responsabilidade. Que cada um saiba assumi-la e merecê-la.

Sob arbitragem do uruguaio Jorge Larrionda, as equipas devem alinhar no estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth:

Costa do Marfim: Boubacar Barry; Demel, Kolo Touré, Zokora e Tiene; Yaya Touré, Eboué e Tioté; Kalou. Dindane e Doumbia.

Outros convocados: Zogbo, Yeboah, Angoua, Boka, Gohouri, Bamba, Gosso, Romaric, Kone, Gervinho, Keita e Drogba.

PORTUGAL: Eduardo; Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Fábio Coentrão; Pedro Mendes, Deco e Raul Meireles; Cristiano Ronaldo, Danny e Liedson.

Outros convocados: Beto, Daniel Fernandes, Miguel, Rolando, Ricardo Costa, Duda, Pepe, Tiago, Miguel Veloso, Rúben Amorim, Simão e Hugo Almeida.

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