Penya Barcelonista de Lisboa

dimarts, de desembre 22, 2009

Conto de Natal (Lingua portuguesa)

Queridos leitores deste blog barcelonista e culé de Lisboa.
Hoje tenho o prazer de fazer-vos ler o conto de Natal escrita por o Toni Coromina. Vamos a publicar-lo tal como escreveu o: na língua catalã e com grande respeito por o pais que nos acolhe, fizemos a tradução na língua portuguesa. Esperamos que gostem dele.
****
A Certidão de casamento - (Conto de Natal)
Toni Coromina


Tenho uma amiga, a Pepa que nestes dias da quadra natalícia enviou uma prendinha para o meu filho o Akram. A Pepa, é uma mulher espantosa, é catalã, mas morou muito tempo na capital de Portugal, onde ela presidiu a Penya Barcelonista de Lisboa, um estranho núcleo de pessoas diversas, ligadas emocionalmente ao Barça, que reúnem se regularmente num local reservado, o Snooker, para ver os jogos na televisão. Às vezes uma malta de portugueses faz uma trilha até o Bernabéu para organizar uma boa torcida no jogo do Madrid - Barça , ou bem viajam até Barcelona para desfrutar com o jogo bonito das vacas e, mesmo, das ovelhas sagradas azulgranas.

Mas voltemos à prendinha, que foi enviada por os Correios normais. No caixote dos correios de minha casa encontrei um aviso onde estava indicado que na estação da Rambla Hospital de Vic encontrava-se um pacote a nome do meu filho, Akram, C.H.
Amanhã, pelas 12 do meio-dia, saí de casa com o meu BI e com o aviso para recolher o pacotinho. Ia à devagar na Rua de Manlleu, analisando a remodelação em curso, quando, de repente a minha intuição obrigou-me a olhar novamente para o aviso dos Correios. Voltei a ler o nome exato e os apelidos do destinatário, o Akram. Desconfiando de esta singular instituição dos Correios que acostuma a ser mais papista que o Papa levando o zelo burocrático até extremos estratosféricos. Para evitar perdas e danos fiz meia-volta, com objeto de ir a casa a procura do BI espanhol do meu filho e assim ficar descansado si a funcionaria pedia-me o. Foi assim que refiz o caminho.

Depois de apanhar a senha obrigatória para fazer a bicha, entrei orgulhoso na estação dos Correios, com o BI do Akram e o meu próprio, na boca. A funcionaria de turno (uma funcionaria exemplar- muito exemplar inclusivamente- mais o menos da mesma colheita que eu) pediu-me o recibo do aviso para recolher o pacote e foi então quando eu entreguei-lhe os dois BI, com o máximo orgulho que um cidadão espanhol pode sentir quando se identifica com tudo o rigor documental.

Mas a minha alegria de recolher o brinquedo enviado por a Pepa converteu-se de repente em estupefação e pasmo. Foi como uma balde de água fria em meio do espírito da quadra natalícia. “Desculpe, Exmo Senhor, mas não posso fazer a entrega do pacote. Você deve mostrar-me a Certidão de casamento” De repente voltei a viver o momento em que na Rua de Manlleu pressenti que eu ia a ter problemas si não me apresentava perante uma funcionaria dos Correios equipado com toda a artilharia documentaria legal e indispensável em nosso querido estado de direito.
Infelizmente, sou de sangue quente e costa me muito conter-me. Não tinha nenhuma vontade de voltar a casa e perder ainda mais tempo nesta questão e sulfurei-me.
Mas a minha querida funcionaria imperturbável, insistia sem fim:
“Calma Senhor, o regramento é o regramento!”. De nada serviram as minhas lamentações da minha má sorte legendaria com as administrações estatais. Intentei demonstrar que si o nome e apelido e o endereço postal do destinatário da prenda coincidia com o nome e o apelido do meu filho (BI) e que, o meu apelido e o meu endereço postal coincidia com o endereço do meu filho, ficava evidente que eu era o seu representante legal e que os dois morávamos baixo o mesmo telhado. Nada absolutamente nada, era como bater na pedra. Ela sustinha que a apresentação do BI do meu filho não era nenhuma garantia da autenticidade do documento. Naquela altura perguntei-lhe se a apresentação da Certidão de casamento era uma garantia da autenticidade do documento, uma vez que poderia estar falsificado.

Até que um anjo – de certeza português ¬– sobrevoou o balcão e iluminou a funcionaria exemplar que acedeu a mostrar os dois BI ao Chefe responsável da estação de Correios, que de imediato ordenou que fosse me entregado o pacote. Antes de recolher a documentação, a ilustre funcionaria me diz com um sorriso: “Você viu como, com boa vontade, tudo pode arranjar-se, não é?” Não transcrevo o que passou por minha cabeça naqueles segundos antes de ir embora. Uma vez na rua respirei fundo e percebi que há vida inteligente além dos Correios.
As 5 da tarde, depois de ir a buscar o Akram a escola, o rapaz olhou o pacote sobre a mesa da sala de jantar e perguntou-me que coisa era aquele embrulho tão lindo. Dissemos-lhe que era uma prendinha da Pepa para ele. Como o Akram já sabe ler o seu nome, percebeu que o embrulho era com certeza para ele. Abriu-o surpreendido e descobriu um mealheiro com a figura dum porquinho com as cores e o escudo do Barça. Pela noite pôs quatro euros no seu porquinho culé.

Amanhã de manhã enviei um mail à Pepa para explicar-lhe a minha pequena aventura. Ela respondeu com um knochout como ela gosta: “Olá Toni, acredito nesta historia porque és tu quem o diz, e que tu és um homem ajuizado. Parece-me inacreditável no século XXI. Felizmente que não me aconteceu a mim por que eu prendo fogo na agencia do Correios e faço a capa do Correio da Manhã. Podes ficar contente que a funcionaria não te pediu um selo de 25 pesetas e que não te fizesse cantar o Cara ao Sol com o braço em alto. A próxima vez que vos envie alguma coisa ficará ao teu nome para livrar-te deste pesadelo e das funcionarias exemplares dos Correios”.

Tudo isso por um mealheiro, uma prenda de Natal

--------------------------------------------------------------

Toni Coromina (Vic, 1955) casado, pai d’um rapaz. Jornalista é o creador de a vinheta editorial do jornal La Vanguardia (Ventura&Coromina). Trabalhou no campo do teatro, a fotografia e a imprensa regional. Tem escrito guioês e artigos de humor para a radio, a televisão e a imprensa satírica. Na casa dele, a família convive com Ramallets, uma papagaia de 32 anos. O grito de guerra dela é: “Viva la Pepa”

4 Comments:

Publica un comentari a l'entrada

<< Home