Penya Barcelonista de Lisboa

divendres, de juny 20, 2008

Euro 2008: a eficácia alemã acabou com Portugal


Euro 2008: a eficácia alemã acabou com Portugal

Pode resumir-se tudo a uma questão de eficácia ou fiabilidade. A Alemanha é aquela máquina. Não falha. E Portugal falha. Falha nos momentos decisivos, falha em frente à baliza, falha a defender, falha em lances em que não se pode falhar.
Esta noite, em Basileia, Portugal falhou muito mais do que a selecção germânica e despediu-se de um Europeu em que chegou a prometer muito, mas acabou por mostrar muito pouco.O adeus de Scolari à selecção acabou, por isso, por acontecer mais cedo do que se esperava.
Nem meia-final, nem final, muito menos o título. Portugal ficou-se pelos “quartos” do Euro 2008, na pior prestação numa competição internacional desde que o técnico brasileiro começou a orientar a selecção, igualando a pior prestação lusa na competição, quando ficou pelo caminho nesta fase no Euro 96.
Quem assistiu ao jogo percebeu que a máquina alemã é bem mais fiável do que a portuguesa. O electrodoméstico “Made in Germany” dá garantias e cumpre sempre o esperado. Pode não ser muito bonito de se ver, mas é resistente e raramente se avaria ou nos deixa ficar mal.
Já o produto português é menos certo e hoje a selecção foi um estereótipo do que caracterizava o “Made in Portugal” há uns anos – atraente, vistoso, mas falível quando testado nos limites.
A caminhada portuguesa acabou quando devia ter começado. Depois de dois jogos ganhos com estilo (à Turquia e à República Checa) e de uma derrota jogando com a equipa suplente (contra a Suíça) mas já com o apuramento para os quartos-de-final assegurado, Portugal enfrentava esta noite a sua verdadeira prova de fogo.
Depois do futebol bonito e do fogo-de-artifício das primeiras partidas, chegava a hora de confirmar que a pólvora disparada na fase de grupos não era seca e era mesmo capaz de fazer estragos contra opositores mais poderosos. E hoje viu-se que nem tudo o que brilhava era ouro. Que Portugal pode ter a melhor dupla de centrais do mundo, mas não deixa de ter uma defesa débil (especialmente no futebol aéreo), que pode ter o mais que provável melhor jogador do mundo, mas que ele não é capaz de decidir os jogos num lance de génio.
Hoje, as primeiras ocasiões de golo até foram de Portugal. Um cruzamento de Bosingwa que Nuno Gomes não desvia, um remate de Simão à figura de Lehmann, um corte in-extremis de Friedrich depois de uma boa tabela entre Nuno Gomes e Cristiano Ronaldo e um remate de João Moutinho com a coxa que saiu por cima da barra. Pequenas oportunidades que podiam muito bem ter dado um golo, mas que não passaram de tentativas falhadas. Lá estão, as falhas.
Do outro lado, a eficácia alemã surgia em todo o seu esplendor. Uma arrancada de Podolski pelo flanco esquerdo, um segundo de indecisão entre Pepe e Bosingwa, um “chega para lá” no lateral português e um cruzamento letal para Schweinsteiger (mais rápido que Paulo Ferreira) bastaram para a Alemanha inaugurar o marcador.
Portugal desconcentrou-se e concedeu o segundo golo pouco depois numa jogada marcada por esse pecado. Desde a falta que originou o livre à ausência de marcação dos adversários, tudo denunciou o estado de espírito dos portugueses, que deixaram Klose cabecear à vontade. A vencer por 2-0 a Alemanha tinha o trabalho feito. Até ao intervalo, Portugal nunca mais foi capaz de estar tranquilo no jogo. Os lances a meio-campo não tinham a fluidez que foi a imagem de marca da selecção nos dois primeiros encontros e o futebol ofensivo e atraente português não aparecia. E na única vez que apareceu, deu golo. Deco, Simão e Cristiano Ronaldo fizeram a jogada, mas foi Nuno Gomes a concretizar, após uma defesa incompleta de Lehmann.
Na segunda parte a selecção entrou melhor. Ao contrário do que tinha sucedido no primeiro tempo, Portugal deixou no balneário o futebol prudente dos primeiros minutos e empurrou a Alemanha para a sua área. Pepe, num canto, quase empatou o encontro, mas as falhas...
Com Deco a aparecer mais vezes no meio-campo, a selecção mostrava finalmente futebol para dar a volta ao resultado. Mas havia qualquer coisa que não funcionava no aparelho português. Ou os remates batiam em alguém, ou os centros não saiam bem... Mas a maior falha de todas aconteceu no terceiro golo da Alemanha, quando um livre de Schweinsteiger pingou na área portuguesa. Ballack deu um empurrãozinho a Paulo Ferreira e aproveitou a indecisão de Ricardo, para destruir a ambição portuguesa.
A partir dessa altura, os jogadores foram tentando, mas só voltaram a acreditar a três minutos dos 90, quando Postiga reduziu a desvantagem. Mas já era demasiado tarde para uma selecção que saiu do Europeu demasiado cedo.