Xavi quer manter ritmo de vitórias

Xavi quer manter ritmo de vitórias

O espumante que correu no final da época passada em Camp Nou já se evaporou há muito e Xavi Hernández deixou um aviso sério aos seus companheiros: o último triunfo dos catalães na UEFA Champions League foi seguindo de um jejum de dois anos. No entanto, o Barça já acrescentou a SuperTaça Europeia e a de Espanha aos três títulos conquistados na época passada e poucos arriscarão apostar que Xavi não vai conseguir concretizar, em Maio, o seu "maior sonho": bater o Real Madrid CF na final da UEFA Champions League, que vai ser disputada no Santiago Bernabéu.

Torradeira

Quando Xavi recebeu o seu primeiro dinheiro do Barcelona dirigiu-se a uma loja de Terrassa, a sua terra natal, e gastou quase tudo numa torradeira para oferecer à mãe. O espanhol tinha apenas 11 anos e tinha acabado de receber 24 euros. Agora poderão juntar seis zeros a esse valor e, mesmo assim, será difícil convencer o Barça a libertar um dos seus activos mais valiosos. Xavi considera que o actual bom momento dos "blaugrana" é recompensa pelos seus investimentos. "Uma grande parte do nosso sucesso dos últimos anos ficou a dever-se ao trabalho nos escalões jovens", afirmou ao uefa.com. "Há quatro ou cinco jogadores na equipa que cresceram no FC Barcelona, pelo que a história e filosofia do clube estão enraizadas em nós".

Herança de Cruyff

Trata-se de uma filosofia muito especial. Xavi começou a treinar em Camp Nou numa altura que o "dream team" de Johan Cruyff passeava a sua classe pelos relvados, levando os adeptos mais velhos a fazer comparações com a equipa actual. Jogadores como Gheorghe Hagi, Michael Laudrup e Hristo Stoichkov estavam perfeitamente mesclados com futebolistas formados no clube, como um tal Josep Guardiola, conseguindo dar ao Barcelona quatro títulos consecutivos na Liga espanhola, entre 1991 e 1994, a Taça dos Vencedores das Taças de 1989 e a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1992.

"O desafio técnico"

"A filosofia do Barcelona é fundamental para o nosso sucesso", afirmou. "As pessoas ficaram muito surpreendidas quando Cruyff introduziu este estilo de jogo. Já passaram 15 ou 20 anos e os adeptos já não conseguem imaginar a equipa a jogar de outra forma. O Barcelona tem este estilo de futebol dinâmico, atacante e atractivo, mas que lhe permite controlar a posse de bola e os jogos. É um grande desafio técnico por isso, sempre que ganhamos, é duplamente satisfatório".

Papel de Pep

"Uma grande parte do nosso sucesso actual deve-se a Pep Guardiola e à ordem, disciplina e filosofia que ele implementou", acrescentou Xavi, que viu a sua equipa iniciar a defesa do título europeu com um nulo frente ao FC Internazionale Milano. "Obviamente que é impossível conquistar tudo aquilo que conseguimos quando há talento, mas também é preciso humildade e empenho. O treinador desempenha um papel fundamental em todo este processo". O português Luís Figo considera que Xavi tem uma dívida ainda maior para com Guardiola. "O Xavi estava a começar quando eu jogava no Barcelona e nós colocámos-lhe a alcunha de 'mestre'", recordou Figo, que jogou cinco épocas em Camp Nou. "Ele é um jogador típico para aquela posição no sistema de Barcelona. Depois do Guardiola surgiu o Xavi. Mesmo no início de carreira, o Xavi já mostrava qualidades fantásticas".

Manter a embalagem

Os triunfos do "dream team" foram seguidos de um longo jejum, um período menos conseguido que teve como ponto máximo a goleada sofrida frente ao AC Milan na final da UEFA Champions League de 1994 e que levou à saída de Cruyff. Xavi acredita que o clube ainda está a recolher frutos do trabalho do holandês e em Maio os catalães comemoraram uma série de títulos que nem os seus ilustres antecessores tinham conseguido. Agora, o Barça está determinado em continuar na senda do sucesso, algo que não conseguiu após o triunfo na UEFA Champions League de 2005/06.
Sem tempo para descontrair

"Entrámos para esta época depois de um ano em que ganhámos tudo, mas isso não nos permite descontrair e viver dos títulos conquistados", alertou Xavi. "Há dois anos estávamos numa situação semelhante e passámos por um período mau, pelo que não podemos baixar a exigência. Nunca ninguém conseguiu dois títulos consecutivos na UEFA Champions League, esse é o nosso grande desafio, tanto mais que a final está marcada para o Santiago Bernabéu". A mãe de Xavi poderá ficar satisfeita se o filho chegar a casa com uma torradeira nova no próximo Verão, mas os adeptos do Barça ambicionam um presente bem mais especial.
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