Penya Barcelonista de Lisboa

dijous, de maig 28, 2009

A Capela Sistina de Guardiola, segundo Xavi e Lionel Messi


A Capela Sistina de Guardiola, segundo Xavi e Lionel Messi

O Barcelona completou o que se pode chamar uma obra de arte do futebol europeu. Não por ter feito uma exibição superlativa, mas por ter vencido uma final que coloca no lugar merecido uma equipa que realizou uma época inesquecível, fruto de um futebol espectacular.
A vitória por 2-0 sobre o Manchester United premeia uma certa ideia de futebol (o romantismo catalão) e tem um particular significado histórico: o Barça torna-se a primeira equipa espanhola a ganhar a Liga, a Taça do Rei e a Liga dos Campeões na mesma temporada.O ideólogo do Barcelona 2008/09 chama-se Josep Guardiola, um jovem treinador de 38 anos, que na sua primeira época como técnico de uma equipa principal ganha tudo o que há para ganhar. E jogando bem. “Cruyff fez a Capela Sistina e Miguel Ângelo há só um”, disse um dia Guardiola, que ontem foi desmentido por uma equipa cuja vitória começou nos pés de Eto’o, acabou na cabeça de Messi e passou todos os 90 minutos por Xavi, um médio tão discreto quanto brilhante e que junta agora o título europeu de clubes ao de selecções.Cristiano Ronaldo começou por ser o actor principal, carregando o United às costas nos nove minutos em que os ingleses foram superiores. É que o Barcelona é normalmente uma equipa que joga bom futebol para chegar ao golo, mas ontem foi uma equipa que precisou de um golo para mostrar bom futebol. Só que, para azar dos ingleses, o português (autor de cinco dos oitos disparos da equipa na primeira parte) não conseguiu mais do que remates perigosos, quase todos ao lado e um deles defendido para a frente por Valdés (2’).A primeira vaga foi, assim, ganha pela experiência de Ferguson e pela velocidade de Ronaldo, mas sem efeitos práticos. A segunda pertenceu à eficácia de Eto’o. No primeiro remate da sua equipa, o camaronês marcou, aproveitando a lentidão de Vidic. O golo desbloqueou o Barcelona, que mostrou a partir de então a sua melhor versão, com uma excelente circulação de bola, mesmo com Messi ainda discreto. O United desintegrou-se e pareceu esquecer-se de todas armas do seu temível ataque. Ronaldo deixou a pele de rematador e emigrou para a faceta de jogador birrento, Rooney nunca apareceu, Park só foi notícia por ser o primeiro coreano a jogar uma final da Liga dos Campeões. A experiência de Giggs e, mais tarde, de Scholes também nada acrescentaram. Os centímetros de Berbatov não ajudaram à causa de Ferguson, que viu a sua equipa definitivamente no caminho para a primeira derrota numa final da Champions, quando, aos 70 minutos, Messi fez o 2-0. O argentino até tinha estado discreto, mas elevou-se ao Olimpo após um cruzamento de Xavi, o homem do jogo. Com o seu 1,69 metros de altura, Messi cabeceou para a baliza de Van der Sar.Este momento foi, na prática, o fim do jogo, já que (exceptuando os minutos iniciais) o United nunca mostrou em campo a sede com que os adeptos enchem os bares, nem a alma que lhe valeu em 1999 a reviravolta nos minutos finais.Mostrando que aprendeu a lição de 1994, ano em que o sobranceiro “Dream Team” de Cruyff (com Romário, Laudrup e Stoichkov) foi goleado pelo Milan de Sacchi, o Barcelona de Guardiola soube esta temporada não só jogar bem, como sofrer, lutar e controlar o jogo, como fez em boa parte desta final. E definitivamente Guardiola não tinha razão. No Barcelonismo, há mais do que um Miguel Ângelo. O aprendiz igualou, para não dizer que suplantou, o mestre. O Barça de Cruyff renasceu, agora interpretado sob as ordens de Pep e com as pernas de craques como Xavi e Messi.